Por Renato Uchôa (Educador)
Com o maior ou menor desconto, a
opção é de todos nós, de cada um, não é a educação (importante contribuição)
que transformará a sociedade de classes, na qual
uma se sobrepõe e escraviza a outra, pelo consenso ou pela força. Impondo um
controle rigoroso nas instituições. Em todas, da sociedade civil ou política. E
nas educativas propriamente ditas, comumente entendidas; das ideias
pedagógicas, do material pedagógico, da formação dos educadores, com destaque o
ritual a que somos submetidos. Componentes básicos do fenômeno educativo que se
refletem na postura de todos nós (enquanto) educadores, e que se estendem para
além da escola, nas formas de relacionamento, na concepção capitalista da posse:
a minha sala, minha turma, minha opinião, minha mulher, o meu cachorro. Nos
espaços diversos. Cotidianamente, faça chuva ou sol. As razões para ruptura do
processo da concepção, do modo de vida das camadas dominantes, europeizadas por
séculos de exploração, com a eclosão e hegemonia cultural e moral das camadas
subalternas, têm outro endereço: as relações de escravização no processo de
produção. Que as alija do resultado do trabalho e que produz em série uma
legião de condenados, apenas, à sobrevivência. E são milhões no mundo todo
vivendo abaixo da linha de pobreza, confinados em espaços que contém todas as
formas de violência: contra a mulher, negros, índios, homoafetivos, crianças
idosos, e muito mais. Violência, portanto, ensinada e incitada pelo ódio das
camadas dominantes nos seus espaços de convivência, entre as diversas frações.
O privilégio é inerente às frações que compõem o bloco que já desfila em todas
as ruas e praças. E nós, educadores de todos os dias, pela especificidade do
trabalho que nos aparenta diferente, pelas condições aviltantes a que somos
submetidos; salários miseráveis, jornadas desgastantes, péssimas condições
materiais, não podemos ter receio de nos consideramos trabalhadores. E quando
assim nos entendemos, a nossa contribuição no processo de transformação da
sociedade, juntamente com os outros, assume uma dimensão educativa na superação
da discriminação, pela formação autoritária que, de forma consciente ou não,
também se reflete nos filhos das camadas subalternas, pela violência imposta
tanto nos conteúdos, como na forma de olharmos. Em sendo, ao contrário do que
possa parecer. O receituário educativo prescrito nas Universidades, que têm, no
geral, como princípio ativo, a concepção de mundo das camadas dominantes, atua
na formação dos profissionais descarregados nas diversas instituições, para
atuarem em função da manutenção consensual do modo de vida delas (camadas
dominantes). O que determina em função das ideias pedagógicas da classe
dominante, as dominantes em qualquer época da historia é tornar proscrito, à
concepção da outra (camadas subalternas), como subproduto do conhecimento. A
nossa postura como educadores, pela circulação das concepções nas instituições
da sociedade civil, portanto, essencialmente, se reveste de grande importância
na destruição da pseudoconcreticidade. E aqui no Piauí, quando não se tem um
R$1,00, a gente diz assim “Eu não tenho uma Ana”. Aquele abraço a todos
os educadores/as do Brasil.
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