domingo, 31 de maio de 2015

Um esgoto só

                                                                                                            


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Por Raimundo Silva
 "Pourriture", era o título do editorial de primeira página do L'Equipe, jornal de esportes francês, sobre esse escândalo da Fifa. "Porcaria" seria a tradução mais correta; "podridão", a mais adequada. Da porcaria algo ainda pode ser resgatado: a história da FIFA está cheia de porcaria perdoada ou esquecida. Da podridão nada se salva. Trata-se, esse pequeno texto, de um trecho extraído da excelente coluna do O Globo de hoje, do nosso patrimônio intelectual, o Veríssimo. Merece ser lida, até por algumas pertinentes perguntas que ele nos faz, e boas para nossas reflexões. Para mim, nenhuma surpresa a prisão desse arremedo de político e cartola, o nefando Marin. Aliás, talvez apenas uma: sua prisão pelo FBI, quando há anos já se vem evidenciando algo de muito podre naquele reino aqui e impune; aí sim, nenhuma surpresa quanto a isto por se tratar de delitos praticados por gente "graúda" e de colarinho "limpo". Esses escárnios já riem de nós, considerados por eles puros e inocentes, há muito tempo. Lamento profundamente presenças tão nefastas desses senhores no comando do mais lúdico de nossos esportes, o futebol. Além de catalisador de sonhos de muitos "moleques" de pés no chão, que ao dar seus primeiros chutes nos baldios campos de várzea, já sonham com os dias de glórias e arquibancadas cheias aplaudindo as suas jogadas de rei Pelé e do chapliniano Mané Garrincha. Evapora-se como se fosse vento o caráter mágico do esporte: posso estar enganado, como portador de utopias que sou, mas sonhos e mais sonhos são aniquilados em momentos como este. Fico pensando em como estes senhores  se olham nos espelho. Como ficam e fitam os olhos de suas mulheres, de seus filhos e netos; e como fica o estado de espírito dos familiares desse tal Del Nero, quando em pronunciamento transmitido pela televisão o Romário brada com todas as letras tratar-se de um ladrão? Comenta um amigo aqui do meu lado (no momento em que este texto era apenas uma reflexão): "deve ser tudo igual a ele, filho de peixe peixinho é". Não, não quero fazer este valor de juízo precipitado. Resta-me, então, um sonho: de que um dia a Justiça em nosso país funcione, mas para todos e contra todos, e não somente contra os pobres, como comumente tem sido. E que todos os corruptos e corruptores, que veem nesse cancro um fim em si mesmo para suas medíocres e patéticas existências, ao entrar nas prisões se vejam diante dessas palavras da porta do inferno, reproduzidas pelo colunista de O Globo, Elio Gaspari, na sua edição deste domingo: "deixa toda esperança, vós que entrais".

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