domingo, 5 de julho de 2015

A confissão

                                                     

                                                           historiasvalecai.blogspot.com  

Por Maria Baldan
Hoje vou confidenciar algo muito íntimo que me aconteceu esta semana. Depois de me casar algumas vezes e me separar tantas outras, andei muito envolvida nos últimos anos em transformar a minha casa atual no meu novo sustento e a minha vida numa nova proposta. Rompi com o mundo social, corporativo, rompi com o meu ego, com marcas e patentes, rompi com Coisas e Coisos, rompi com o meu velho padrão de atuar, mascarar, me iludir, e principalmente rompi com a possibilidade de despertar em mim novas paixões e me exilei de mim mesma. Engordei, relaxei, e já não reconheço ao me olhar no espelho nenhum traço de uma Maria que já fui um dia e que era tão fácil encaixar pés 37 em sapatos 34, pois o importante era não ficar descalça mesmo que o preço a pagar fosse calos homéricos, o que torna o acontecido dos últimos dias bastante interessante. Acho que a Maria que eu tanto trabalhei nos últimos anos para construir está nascendo. Confesso que estou meio refratária e ainda em fuga, mas só de constatar que é possível atrair novas paixões em novos formatos que me vejam além dos meus quadris e da minha conta bancária já valeu a pena o esforço de dizer não ao antigo padrão.Nunca me conformei em fazer o jogo da estética, do status, da frivolidade, mas fazia...Nunca me enquadrei no aprisionamento do lugar comum aonde as Marthas Medeiros da vida capturavam sem muita dificuldade as Mocinhas bem instruídas, mas me rendia às cartilhas de como agir. E um capítulo clássico era: Se faça de difícil. Não dê na primeira saída. Não ligue. Finja um certo desinteresse...Muito bom exercer a liberdade de não ter mais nenhuma cartilha a seguir.Muito bom se atraída por olhares e beijos sob medida pro tamanho do pé, pois afinal a vida seguiu e não dá mais pra negar que existe sempre um chinelo velho para um pé cansado!! E vamos combinar nem o chinelo é tão velho e nem o pé está tão cansado assim, porque precisa querer muito e ter muita vontade pra voltar a caminhar, porque dá trabalho mexer com este trem! Há de se ter muita paciência e muita calma pra não pisar de novo de mau jeito!

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