Por Aldenôra Moraes
Respeitamos todas as naturalidades e regionalidades brasileiras, porém,
somos nordestinas sim senhor! Somos rendeiras, cabeleiras, lavadeiras,
arrumadeiras, pedreiras, curandeiras, parteiras, parideiras enfim, somos
"pau pra toda obra", como se diz por aqui. Construímos casebres, casas,
prédios, igrejas, museus...Desde as paredes, assoalhos, telhados, paióis, porões
e sótãos, do mais rústico ao mais sofisticado. Seja com palha, barro, tijolo,
pedra, areia, cimento, sempre com uma grande pitada de capricho e sentimento.
Além disso, também somos professoras, advogadas, engenheiras, arquitetas, psicólogas,
pedagogas e médicas, literal ou empiricamente; desde que precisamos recorrer
aos conhecimentos adquiridos no final de cada dia, sentados ao redor de nossas
mães, avós, bisavós. Sentadas em cadeiras-preguiçosas, nos contando estórias de
Trancoso para nos divertir. Ensinando-nos sobre o uso medicinal das plantas, na
prevenção e cura de doenças ou, no tear trocando os alfinetes de forma
organizada, atenta e precisa. Para com alegria admirar lindas peças para
embelezar pessoas. Ou para enfeitar lares. De qualquer forma, ajudando a prover
o sustento da família. Foi com elas: bisavós, avós e mães - que aprendemos como
fazer e para que servem os chás, escalda-pés, unguentos, purgantes, garrafadas,
etc. Aperfeiçoamo-nos na engenharia, arquitetura, pedagogia e psicologia, desde
que ingressamos na arte de gerar nossas próprias crias. Ou, criar as de outras
mulheres que, por outros motivos, não puderam fazê-lo. Nessa condição, nos
predispusemos a trabalhar incansavelmente, para ver cada uma delas,
transformadas em homens ou mulheres, com caráter, personalidade, ética, probidade,
lisura, moral e justiça. Fazendo das tripas coração, para ajudar cada um e cada
uma, a descobrir, compreender e realizar seus sonhos ou, diante da
impossibilidade no cumprimento dessa tarefa, aliviar seus pesadelos,
frustrações e decepções. Assim como, arquitetar mil e uma peripécias, para mostra-lhes
da forma menos dolorosa possível, como enfrentar obstáculos de cabeça erguida,
vencendo-os ou, caindo e levantando-se conforme a realidade exigisse. Nossa
história é permeada de muitas e significativas vitórias, também de algumas
derrotas, porque estas, a vida nos impõe como absolutamente necessárias e
imperativas ao nosso crescimento e fortalecimento. Tal qual às lagartas, para
que ao saírem do casulo, na condição de borboletas possam voar bem alto e,
lindamente, abrilhantar a festa que a Majestade Natureza, preparou para
homenageá-las, em sinal de reconhecimento, agradecimento e amor.
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