Por Francisco Costa
Tivemos
ontem, na Câmara dos Deputados, mais uma derrota. Quando falo nós não me refiro
aos petistas ou à esquerda, mas a todo o povo brasileiro, que aceleradamente
vai recuando no tempo, retornando ao antes. Do episódio de ontem duas coisas a
deduzir.A primeira é que a matéria tendo sido rejeitada, deveria ir para a
lixeira da história parlamentar
brasileira, mas graças a mais uma manobra de Eduardo Cunha que, pela maneira
como vem se conduzindo, se tornou o proprietário do parlamento brasileiro.
Manobrando com o regimento interno da casa, quando o leva em consideração, graças
a uma emenda do deputado Celso Russomano, recolocou em pauta o rejeitado,
logrando aprová-lo. A segunda é que qualquer projeto de lei ou outra matéria,
antes de ser aprovado, passa por comissões, onde o texto é analisado e
modificado ou não, aprovado e com redação final, entra na pauta de discussões,
onde as bancadas de cada partido discutem e se posicionam, fechando questão ou
não. Discutido nos partidos, vai a plenário, onde novamente é discutido,
agora entre partidos, através do posicionamento dos oradores, e só então se
vota, após ter se formado convicções. E uma pergunta óbvia: depois de todo esse
trâmite como é que um deputado muda de posição em vinte e quatro horas, votando
a favor do que veementemente rejeitou na véspera? A dedução é óbvia: O
PARLAMENTO BRASILEIRO VIROU UMA GRANDE CASA DE NEGÓCIOS, ONDE SE TRAFICA VOTOS,
A PARTIR DE UMA QUADRILHA LIDERADA POR EDUARDO CUNHA. Só propinas seriam
capazes de justificar mudanças de posição tão bruscas, rápidas e radicais. Se
olharmos os passos que vêm sendo dados por Eduardo Cunha e sua gente, de
maneira isolada: terceirização da mão de obra, distritão (que não duvido volte à
discussão), financiamento empresarial de campanha, concluiremos que são medidas
conservadoras, primárias, medievalescas, com cara de domínio de classe,
fundamentalismo, retrocesso. Mas se juntamos tudo, o quadro é aterrador: há em
curso um projeto de privatização da nação brasileira, em moldes que nem mesmo
FHC ousou. À tarde concluo o assunto, que merece muita discussão.
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